sexta-feira, 11 de julho de 2008

Será que faltou ética?

Vi uma reportagem ontem no Jornal da Record que me instigou a escrever esse post. Mas em primeiro lugar, peço desculpas, pois a hora que comecei a gravar, a matéria já tinha entrado no ar. A reportagem trata dos números divulgados pelo Ibope, que fez uma pesquisa e diz que a Rede Record é a TV que mais cresce no Brasil; em contraponto a sua maior concorrente, a Rede Globo.O crescimento da Record nos últimos anos é claro e evidente, tanto quanto a queda da Globo; mas o que me deixa meio crítico em relação a essa matéria é a agressividade da Record: até que ponto isso pode ser benéfico a ela mesma? Será que houve ética na maneira como a Record tratou o assunto na reportagem? Talvez não seja a melhor estratégia, porém uma reportagem super bem produzida, que mostra a força que essa emissora vem ganhando. E esse crescimento é importante, pois ajuda a democratizar o acesso à informação e gera mais empregos. Mas volto a ressaltar, essa matéria agressiva pode ter efeito contrário, talvez nulo; mas seria ótimo se todas as emissoras crescessem da mesma maneira; só que ainda falta muito conteúdo de qualidade para todas as emissoras comerciais. Ou alguém acha que não? E será que faltou ética nessa reportagem?Logo abaixo a matéria publicada pelo UOL em 04 de julho de 2008, sobre a pesquisa do Ibope; em seguida a reportagem exibida pelo Jornal da Record em 10 de julho de 2008.
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04/07/2008 - 11h28
Globo perde um terço do ibope em junho

Ricardo Feltrin
Colunista do UOL

Dados consolidados do Ibope apontam que a Record se aproximou ainda mais da Globo no mês de junho. Foi o pior mês naquele que, conforme Ooops! antecipou, já é o pior ano da história da Rede Globo em audiência, no horário das 7h à 0h.A Globo registrou média de 17,1 pontos de audiência na Grande São Paulo no mês passado. Em 2006 havia registrado 25,7 pontos. A queda é de 33,5%, ou 1 em cada três telespectadores (quase o ibope de um SBT mais uma TV Cultura somados).Já a Record marcou 9,6 pontos no mês passado contra 6,2 em 2006 (crescimento de 55%). A distância entre a líder e a vice-líder caiu no mês passado para 7,5 pontos (ou 7, com o arredondamento).A expectativa da Record é tirar 3,5 pontos da Globo no máximo até 2010. Caso isso ocorra, empatará na liderança com 13 pontos --algo impensável na TV brasileira cerca de dois anos atrás.Embora tecnicamente estagnado, o SBT também registra oscilação negativa desde 2006: de 7,7 pontos em 2006 para 6,7 pontos em 2008.

6 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

A Record anda bem louca, brigando inclusive pelo Rodrigo Santoro com a Globo. Acredito que faltou um pouco de ética, faltam a todas elas. Mas a Record, pelo menos por enquanto, não trabalha com lavagem cerebral. Infelizmente acredito que em breve ela vai aderir esse novo "programa", 24h no ar!
beijos

Epifania audiovisual disse...

Espero que essa loucura ajude a derrubar o monopólio da Globo de fato. Quanto a lavagem cerebral, talvez ela seja mais discreta que a da Globo, mas espero que suma de uma vez por todas.

Júlio disse...

É evidente que faltou ética, como infelizmente é prática comum desta mídia que temos no momento, mas a Record é EXPERT no assunto. A falta de ética é tão exacerbada na emissora da Igreja Universal que chega ao limite do ridículo. Concordo quando o blog epifania audiovisual diz que pode ser uma ação negativa, principalmente para os telespectadores "pensantes" deste país. A maneira agressiva e até mesmo com aparência de vingança é dispensável e totalmente anti-profissional. Parece coisa amadorística, de criança que perde sempre no jogo e quando ganha faz alarde, grita, chora, esperneia e agride todo mundo. Chega ao ridículo. Vendo o vídeo postado pelo blog percebe-se que o Paulo Henrique Amorim está lavando a alma de felicidade ao relatar os números do Ibope de forma tão agressiva, e todos sabem que ele saiu com ódio mortal da Globo e passa isso claramente a cada momento que lhe é permitido falar da atual rival. Portanto tudo que ele disser contra a Globo não tem o peso devido, não passa a credibilidade que deveria passar, entende? Não estou aqui defendendo a Globo, pelo contrário, acredito que a livre concorrência e o crescimento das demais redes de televisão sejam fatores benéficos para todos nós que almejamos ter uma televisão de qualidade e com diversidade, porém o que ocorre com a Record é que, além de copiar discaradamente a Globo e as outras emissoras, se utiliza de todas as práticas abomináveis que já deveriam ser banidas da mídia. É trocar o seis por meia dúzia. Onde está a diversidade? Onde está a criatividade? Estaremos livres da lavagem cerebral ou apenas direcionados a outro tipo de lavagem? O que acho temeroso é não se acabar com o monopólio e sim transferí-lo de mãos: sai família Marinho e entra Igreja Universal.
Parabéns pelo Blog. Já inclui nos favoritos. Abraços.

Br disse...

Esse tipo de campanha da Record não é novidade, basta lembrar das propagandas que publica há tempos nos jornais, sempre detonando a Globo (como a do "Q de queda"). A rede já foi inclusive repreendida pela Justiça em certas ocasiões.

É difícil falar em ética da Record, que nem sequer explica a fonte de seu financiamento. E, por enquanto, o governo e a maior parte dos espectadores fecha os olhos para esse assunto. Talvez abrirão se a Record chegar à liderança.

Não sei se de fato dá para comemorar o fim de um monopólio (que de fato nunca existiu, o que havia, e ainda existe, é uma hegemonia da Globo), porque a Record segue inteiramente a cartilha da emissora que critica. Os âncoras do Jornal da Record, por exemplo, eram da Globo, assim como muitos dos repórteres. E o mesmo acontece em outros telejornais, novelas e demais programas.

Infelizmente, vejo uma divisão entre aqueles que torcem pela Globo ou pela Record, em vez de torcerem por uma tevê aberta melhor, para que todas melhorem sua programação. Alguém aí já viu quem torça pela Band, que não incorre nesses erros éticos?

Nessa torcida, passam por cima de várias questões. A ética é uma delas. O jornalismo da Record já deu mostras de que segue ordens da Igreja Universal, como analisamos nesse post: http://teveaberta.blogspot.com/2008/03/universal-volta-usar-record-para-atacar.html

Em tempos de tevê digital, por assinatura, internet e DVD é praticamente impossível a Globo aumentar sua audiência. A tendência é diminuir mesmo. E a própria Record terá dificuldades de manter suas ocasionais lideranças (que normalmente duram de 1 minuto a 15 minutos).

É uma discussão que merece ser continuada, mas que ainda não tem o apelo necessário para que seja levada adiante.

Valeu pelo comentário lá no Tevê Aberta. Volte sempre!

www.teveaberta.blogspot.com

Epifania audiovisual disse...

Julio, concordo plenamente com vc: não adianta democratizarmos o acesso a informação, cultura, entretenimento, etc., se não exisistir diversidade e criatividade; mas como dizia Chacrinha, "nada se cria, tudo se copia." Infelizmente somos reféns das mídias corporativas,mas muito pq, historicamente, somos um povo ignorante. E vivendo num mundo globalizado e capitalista, nos tornamos fantoches das grandes mídias. Pra quem quiser, indico a leitura de um texto muito bom: "O espetáculo como meio de subjetivação", da psicanalista Maria Rita Kehl. Nesse texto ela explica pq nos tornamos iscas fáceis da grande impresa e do mercado publicitário.
E Br, tb. vejo essa divisão, que não é nada interessante, temos de torcer por uma televisão melhor; e isso vem de encontro com o que o Julio disse: ter diversidade e criatividade, haja visto a grandeza dessas duas virtudes no povo brasileiro. E para isso, precisamos ser tratados com ética, respeito e inteligencia.
Só pra encerrar, mais uma indicação de leitura: Revista Caros Amigos.
Valeu pelos comentários pessoal, enriqueceram bastante a discussão.
Um abraço à todos.